Há alguns anos temos publicado artigos e notícias sobre o aumento das atividades ligadas à agricultura dentro dos centros urbanos. Agricultura urbana, como é chamada, vem sendo vista por algumas organizações e comunidades como uma alternativa sustentável que além de dar uso a porções de terra desocupadas, promove o engajamento social e reduz a distância da semente ao prato, já que os alimentos são produzidos na própria cidade, muitas vezes no próprio bairro ou quadra onde vive o consumidor.
Bem intencionada, a ideia de produzir os alimentos em solo urbano já é realidade em muitas cidades do mundo. No Japão, por exemplo, devido à reduzida disponibilidade de solo, a cobertura de algumas estações de trem já vêm sendo usadas para cultivar frutas e hortaliças. Também no Japão, um edifício na capital Tóquio teve sua fachada transformada em uma fazenda vertical, de certa forma "criando" área cultivável com ocupação horizontal nula.
Na América Latina Havana, em Cuba, é o principal exemplo de cidade onde a agricultura urbana vem sendo trabalhada. Uma das conquistas mais representativas da cidade na agricultura urbana é o desenvolvimento dos organopônicos, uma tecnologia desenvolvida em 1987 que permite cultivar vegetais na água, uma alternativa para locais pequenos e com solo tem baixa qualidade, como as regiões em torno de estradas e terrenos muito inclinados.
A produção de alimentos na cidade deve, no entanto, ser contextualizada e pensada a partir de uma perspectiva que reveja a relação cidade-campo. É interessante, sem dúvida, que uma atividade na cidade produza alimentos e, além disso, crie empregos e engaje a população, criando laços mais próximos entre os habitantes. Todavia, ainda parece distante uma realidade em que todo o alimento consumido em uma cidade seja produzido nela mesma -- ao menos dentro do atual sistema econômico que estabelece o valor do solo e onera sua subutilização. Parece não fazer sentido, por exemplo, criar uma horta comunitária em um terreno baldio que poderia ser usado para algum equipamento público que atenderia um número muito maior de pessoas.
Ao menos se pensarmos em uma horta tradicional no nível do solo, porém, as iniciativas que vêm sendo implementadas em todo o mundo sugerem que se pode mesclar a agricultura urbana com outras estruturas (públicas e privadas), tornando, assim, o solo urbano ainda mais útil. As possibilidades são muitas, e, buscando mais ampliar a discussão que responder se esta atividade é mesmo viável para nossas cidades, mostramos algumas delas a seguir.
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